Se pouco dinheiro é um problema para muitas famílias, grandes fortunas também podem gerar “dor de cabeça” se não forem bem geridas. Administrar um grande volume de bens sem planejamento ou conhecimentos adequados pode comprometer o objetivo maior, que é o bem-estar, e muitas vezes levar todo o patrimônio à falência.
Partindo do pressuposto de que a verdadeira riqueza é o bem-estar e a qualidade de vida – e que o patrimônio e legado são meios para atingi-la -, a gestão do patrimônio familiar é mais que um serviço especializado, é uma necessidade para aqueles que constituíram grandes negócios de sucesso. É aqui que entra a wealth management, também conhecida como gestão de patrimônio ou gestão de riquezas.
Wealth Management: o que é e como funciona?
A Wealth Management é um ramo do mercado financeiro que oferece, de forma combinada, os serviços de consultoria, planejamento e gestão de investimentos para pessoas físicas e jurídicas. Um profissional que trabalha com Wealth Management tem o objetivo de gerenciar bens, direitos e obrigações de seus clientes, auxiliando na perpetuação do patrimônio e da riqueza.
A atividade agrega uma série de responsabilidades de cunho administrativo, contábil, financeiro e jurídico, o que geralmente implica em elevado know-how na área de atuação. Porém, algumas famílias optam por selecionar um familiar para fazer esse trabalho, mas será que é a melhor escolha?
Em geral, a resposta é não. Em primeiro lugar, porque as famílias costumam crescer mais rápido que as empresas. Quem nunca ouviu falar de casos em que todo o patrimônio de um avô rico tenha se ruído com a má gestão dos filhos e, como consequência, ficaram pobres os netos? É para que casos assim não aconteçam que as famílias devem ser perguntar, e se preocupar, sobre como seus negócios e patrimônios irão se perpetuar por gerações.
Além disso, a gestão por um membro familiar pode gerar desgastes em casos de morte e herança. Quem não se lembra do caso do apresentador de TV Gugu Liberato, que gerou uma disputa por sua herança, avaliada em R$ 1 bilhão? Uma série de desgastes aconteceram entre os membros da família e em seu legado.
O principal objetivo do trabalho da Wealth Management é, exatamente, gerir para preservar por gerações o patrimônio adquirido ao longo da vida. Ter um familiar na gestão de todo o patrimônio pode apresentar vários dilemas:
- o peso da tomada de decisão, visto que a falta de expertise pode levar o familiar a cometer falhas graves na gestão dos recursos;
- a falta de liberdade pessoal, uma vez que o familiar estará muito ocupado cuidando do patrimônio de toda a família;
- e o próprio comprometimento das relações familiares, que podem se tornar conflituosas.
“Família deve ser tratada como uma família e o negócio como um negócio.”
A grande questão é que, muitas vezes, os familiares estão ocupados em gerenciar suas carreiras e os negócios da família e pouco tempo lhes restam para pensar em investimentos. Há também a falta de conhecimentos técnicos para fazer essa gestão, os quais são comuns para os gestores experientes, acostumados a gerir grandes fortunas no Brasil e no exterior.
Dessa forma, o foco dos familiares deve estar no desenvolvimento dos negócios e não pode ser desvirtuado para o desenvolvimento do patrimônio familiar, trabalho que cabe, com mais profissionalismo, ao wealth manager. Além disso, ainda que algum familiar queira cuidar da gestão do patrimônio familiar, será que os demais membros da família ficariam satisfeitos? Ou, será que ele mesmo se sentiria 100% confortável nessa posição?
Outro ponto que também deve ser pensado é sobre os relacionamentos familiares na hora de realizar a gestão do patrimônio ou wealth management. Administrar a família é muito diferente de administrar uma empresa e o mesmo acontece na hora de fazer a gestão do patrimônio familiar. As decisões sobre investimentos tomadas pelas famílias também são diferentes daquelas tomadas pelos executivos de uma empresa. E não se pode misturar negócios e família.
É por isso que deve haver a separação da gestão dos ativos pessoais da gestão dos ativos da empresa, com o objetivo de manter confidencialidade e própria segurança da família. Assim, o que seria interessante é eleger um ou dois membros da família que possam estar mais próximos ao profissional que irá fazer a gestão do patrimônio, com o intuito de acompanhar mais de perto e suprir de informações esse gestor, para que seja feito o melhor planejamento.
Com os recursos familiares bem geridos, os membros da família se ocupam de suas carreiras e em consolidar o capital intelectual, humano, social e financeiro. Assim, podem focar no desenvolvimento dos negócios, com harmonia entre todos e a garantia da perpetuação do patrimônio.
É por tudo isso, que elenquei os 5 motivos principais pelos quais as famílias estão contratando gestão profissional do patrimônio familiar. Confira.
Wealth Management: Os 5 motivos que levam uma família a contratar
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Quando a família ou o investidor vende uma empresa, gerando grande liquidez
Normalmente, os empresários, executivos ou os familiares que detêm o controle de um grupo empresarial têm foco no desenvolvimento do negócio e suas especificidades. Com isso, não conhecem ou não adquirem experiência na gestão de ativos líquidos – como o dinheiro que circula pelas contas familiares, bem como investimentos, cotas de fundos, entre outros. Ao realizar a venda da empresa, a família recebe um grande volume de recursos líquidos com os quais não têm tempo e expertise para lidar. Nesse caso, é imprescindível contar com um profissional de Wealth Management.
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Quando os ativos da família ou do Investidor crescem a ponto de compensar uma gestão profissional
Os altos custos podem prejudicar significativamente a performance dos investimentos. Por sua vez, os gestores que administram grandes volumes têm maior poder de negociação junto às instituições financeiras, podendo fazer acordos de redução de custos a favor dos seus clientes. Além disso, estruturas próprias têm um custo maior do que estruturas terceirizadas, que conseguem diluir os custos ao atenderem a outros clientes. Vale destacar que os custos de investimento estão em todos os níveis: na gestão, na estrutura legal, nos bancos, nos produtos e na informação. É uma excelente razão para contar com a Wealth Management.
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Os dilemas de um profissional familiar
O profissional familiar pode passar por diversos dilemas em relação à administração do patrimônio e, por isso, a necessidade de ter um conselheiro fiel ao seu lado. Entre essas questões destacam-se:
- Momentos de decisão.
- Aprendiz x influência.
- Busca do meu real propósito e conscientização da Liberdade.
- O livre arbítrio / independente do negócio familiar.
- Decisão interna / ambição de crescer.
- Dar espaço para encontrar vocação, experimentar.
- Precisa ser um exemplo.
- Poderoso x humilde.
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Família se sente desconfortável com um de seus membros administrando o patrimônio de todos da família.
Como sabemos, questões financeiras podem e geralmente interferem na qualidade das relações familiares. A escolha de um de seus membros para cuidar do patrimônio de toda a família pode gerar desequilíbrios e conflitos na relação hierárquica de poder e senioridade de seus membros. Nesse caso, é melhor contar com um profissional de Wealth Management.
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Separação da gestão dos ativos pessoais da gestão dos ativos da empresa para manter confidencialidade e segurança da família.
No mundo dos negócios, mesmo os empreendimentos mais promissores ou consolidados não estão livres de sofrer impactos negativos de uma crise, as repercussões de uma ação mal planejada e até mesmo erros nos pagamentos dos passivos. A separação da gestão dos ativos permite a adoção das medidas legais disponíveis para evitar que os bens pertencentes à pessoa física do empresário sujeitem-se a riscos desnecessários. Com isso, alcançamos a redução na vulnerabilidade dos bens do gestor e da família, bem como, uma estabilidade e perpetuação do patrimônio familiar por períodos mais longos. Os recursos financeiros da família devem ser tratados como um negócio.