Quando o assunto é gestão de patrimônio familiar, a priori é a figura do private banker, aquele profissional que faz a gestão de grandes fortunas dentro dos bancos, que vem a mente. Contudo, há um escritório que é especializado neste tipo de gestão, chamado de Family Office. Mas, como ele funciona?
O que é?
Um Family Office é uma instituição criada para fornecer assessoria completa para famílias com considerável patrimônio, que abrange as áreas jurídica, contábil, fiscal e de investimentos. São responsáveis por gerenciar as finanças e os investimentos da família, oferecendo o serviço de orçamento familiar, seguro, planos de abertura de fundações para o exercício da caridade, gestão dos negócios familiares, transferência de riqueza e serviços fiscais.
Tipos de Family Office
Há dois tipos de Family Office: Single Family Office com um time de pessoas empregadas dentro de (ou fora de) uma estrutura dedicada que apoia uma família rica multigeracional. Já o Multi Family Office oferece suporte a várias famílias ricas. Ambos oferecem organização, gestão e manutenção de (todos ou parte) dos ativos, necessidades e desejos das famílias.
Por que da necessidade de um Family Office?
Os Family Offices existem para atender às famílias detentoras de grandes fortunas, oferecendo uma gama de serviços personalizados, que vão deste a gestão propriamente do patrimônio até questões não financeiras, como auxílio na escolha de escola particular para as crianças e adolescentes, organização de viagens e diversos outros arranjos familiares.
A necessidade da busca por um Family Office surge muitas vezes após um evento de liquidez de uma família ou um indivíduo, que pode ser a venda de uma empresa, a venda de vários imóveis ou a saída do capital de uma empresa que está fazendo um lançamento secundário de ações.
Atividades de um Family Office
Uma atividade importante desenvolvida por um Family Office é o empreendimento de um esforço bem coordenado e colaborativo de uma equipe de profissionais capacitados. Entre esses profissionais se destacam gestores da área jurídica, de seguros, de investimento, patrimonial, comercial e tributária. O objetivo é fornecer o planejamento, consultoria e recursos necessários requeridos por uma família que detém grandes fortunas.
Importante frisar que a maioria dos escritórios familiares combina gerenciamento de ativos, de caixa e de riscos, planejamento financeiro e até mesmo o gerenciamento do estilo de vida da família. A meta é fornecer a cada família os elementos essenciais para lidar com os principais problemas que possam vir a enfrentar ao navegar no complexo mundo do gerenciamento de patrimônio.
Entende-se, então, que a perpetuação da riqueza, por meio do gerenciamento dos recursos dos herdeiros, é um dos principais objetivos de um Family Office. Depois de uma vida inteira acumulando riqueza, as famílias com grandes fortunas são confrontadas com vários obstáculos ao tentar maximizar seu legado. E isso inclui a gestão fiscal, leis imobiliárias complexas e questões familiares ou comerciais complicadas. Por isso, um plano abrangente de transferência de riqueza deve levar em conta todas as facetas da riqueza da família.
A gestão do patrimônio familiar ainda inclui a transferência ou gerenciamento de interesses comerciais, o gerenciamento de relações de confiança da família, os desejos filantrópicos, bem como a continuidade da governança familiar. Assim, destaca-se que a educação familiar é um aspecto importante de um Family Office, pois é essencial educar os membros da família sobre as questões financeiras, além de incutir os valores familiares para minimizar os conflitos entre as gerações.
O que é preciso para abrir um Family Office?
Apesar de ser uma área ainda pouco explorada no Brasil, o setor de wealth management tem crescido de forma consistente em vários países. Segundo uma pesquisa do Boston Consulting Group, por exemplo, há cerca de US$ 55,7 trilhões em riqueza privada somente nos Estados Unidos e Canadá. Assim, como diz aquele ditado – ‘quem chega primeiro bebe água limpa’ – , abrir um Family Office no Brasil pode ser um projeto interessante para os especialistas em investimentos, especializados em gestão de grandes fortunas. Mas, o que é preciso?
Primeiramente, é preciso seguir as regras e manter a etiqueta ao deixar o atual emprego, que possivelmente deve ser um banco. Em muitos casos, os funcionários de serviços financeiros têm obrigações contratuais com seus empregadores que os impedem de trabalhar para uma empresa concorrente e de anunciar serviços externos a clientes. É preciso consultar o contrato de trabalho, antes de qualquer decisão.
É preciso também considerar os custos envolvidos em abrir um Family Office, uma vez que os profissionais assumirão muitos riscos, especialmente, no início dos trabalhos. Diferentemente da maioria das pequenas empresas, os Family Offices devem atender a vários requisitos regulatórios complexos, que podem ser bastante caros. Há ainda os custos de seguro, despesas de escritório, papel timbrado, sites, custos bancários, custos de associação, assinaturas e vários outros custos que podem facilmente chegar a dezenas de milhares de reais.
Os profissionais também devem considerar o custo de oportunidade de estabelecer sua própria prática independente, pois é provável que apenas uma parte da carteira de clientes migre para o novo empreendimento. A priori, os demais clientes possivelmente irão preferir continuar nos grandes bancos. Esses custos também podem chegar a dezenas de milhares de reais, mas são compensados por uma maior lucratividade por cliente.
Importante destacar que as empresas recém-estabelecidas ainda não têm reputação e reconhecimento no mercado. Além disso, possui um alto nível de risco em termos de solvência. Assim, os gestores precisam destacar o conjunto de habilidades e a vantagem competitiva que possuem, em comparação com instituições maiores. Por exemplo, o Family Office pode se especializar no uso de algoritmos de computador para identificar as melhores oportunidades. Também pode apontar que empresas menores de gestão de patrimônio familiar são capazes de fornecer suporte ao cliente mais personalizado, dada a menor base de clientes, garantindo mais atenção à conta e maximizando seus retornos.
A abertura pode ser um processo complexo
A criação de um Family Office pode ser um processo complexo e demorado, pois envolve um amplo trabalho jurídico, regulatório e de conformidade já que sua estrutura jurídica é a de uma “Entidade Financeira” autorizada e supervisionada pela CVM e autorregulada pela ANBIMA. Talvez não seja de conhecimento de todos, mas as atividades exercidas no mercado de capitais estão reguladas pela CVM e algumas já possuem autorregulação. No caso de um Family Office existe uma linha tênue entre as atividades de Administração de Recursos de Terceiros (Gestor CVM) e Gestão de Patrimônio. Portanto, as empresas devem possuir tais autorizações junto a CVM para atuação. Além disso, há a necessidade da adesão aos códigos da ANBIMA de Gestão de Patrimônio e Fundos de Investimento quando for trabalhar com fundos de investimento próprios. Embora os consultores financeiros possam estar familiarizados com muitas dessas coisas, estabelecê-las geralmente requer assistência profissional de um bom escritório de advocacia que realmente entenda desse tipo de negócio e tenha muita experiencia em processos junto a CVM. Além disso, os novos empreendedores devem considerar investir em uma forte base jurídica, no marketing e em conhecimentos sólidos sobre a gestão do patrimônio familiar.
O investimento em tecnologia também deve ser considerado. Existem muitas ferramentas que os gestores de grandes fortunas podem usar para melhorar seus serviços e otimizar a lucratividade.
Dessa forma, ainda que abrir um Family Office seja um processo complexo, com a ajuda de especialistas e as ferramentas certas, a tendência é que o negócio seja um grande sucesso!
Qualquer dúvida entre em contato comigo que tentarei te ajudar.