Para saber o que é a B3, vale relembrar o que é uma Bolsa de Valores . Trata-se de um mercado organizado em que valores mobiliários são negociados por meio de intermediários específicos. A B3 nada mais é do que uma Bolsa de Valores brasileira. Porém, se trata de uma instituição que foi constituída recentemente, após todo um processo de evolução desse mercado no Brasil.

O processo de consolidação das Bolsas de Valores no Brasil começou em 1991. Nesse ano, a Bolsa Mercantil e de Futuros incorporou da Bolsa de Mercadorias de São Paulo. Após um processo de fusões, aquisições e parcerias, a consolidação culminou com a fusão da Bm&fBovespa com a CETIP, em 2017. A B3 (Brasil, Bolsa e Balcão) é o resultado dessa união.

Quer entender os detalhes e acontecimentos que precederam o surgimento da B3? Atente-se a seguir.

O que é a B3: Saiba mais sobre a fundação da Bovespa

A história sobre o que é B3 e como ela surgiu começou em 23 de agosto de 1890, com a fundação da Bolsa Livre por Emílio Pestana. A princípio, tratava-se de uma entidade oficial corporativa. Porém, suas atividades foram encerradas em 1891, devido à política do Encilhamento. Então, em 1895, a Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo foi aberta e resultou no que conhecemos atualmente como Bovespa.

Existiam 27 Bolsas de Valores no Brasil até meados de 1960, que eram entidades oficiais corporativas, vinculadas às secretarias de finanças. Entre em 1965 e 1966, ocorreram reformas implementadas no sistema financeiro nacional e no mercado de capitais. Com elas, a Bovespa, enfim, assumiu caráter institucional. Ou seja, se tornou uma associação civil sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

O que é a B3: Confira o resumo do processo de consolidação das Bolsas de Valores no Brasil

  • 1991: A Bolsa Mercantil e de Futuros incorporou a Bolsa de Mercadorias de São Paulo, Gerando a atual BM&F.
  • 1997: A BM&F absorveu a Bolsa Brasileira de Futuros e se tornou o principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.
  • 1999: Até esse momento, o mercado de capitais brasileiro era composto por nove bolsas de valores distribuídas pelas diversas regiões do país:
  1. Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
  2. Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ).
  3. Bolsa de Valores do Extremo Sul (BVES).
  4. Bolsa de Valores Bahia – Sergipe – Alagoas (BVBSA).
  5. Bolsa de Valores Minas Gerais – Espírito Santo – Brasília (Bovmesb).
  6. Bolsa de Valores do Paraná (BVPR).
  7. Bolsa de Valores Pernambuco – Paraíba (BVPP).
  8. Bolsa de Valores Regional (BVRg).
  9. Bolsa de Valores de Santos (BVSt).
  • 2000: A Bovespa incorporou a maioria das Bolsas de Valores brasileiras, restando apenas a Bolsa de Valores Regional (BVRg) e a Bolsa do Paraná.
  • 2006: A Bovespa incorporou as duas Bolsas de Valores faltantes e, assim, conclui o processo de integração dos mercados acionários brasileiros.
  • 2007: A Bovespa e BM&F deixaram de ser instituições sem fins lucrativos e tornaram-se sociedades por ações. Suas ações passaram a ser negociadas na Bovespa.
  • 2008: Em março, Bovespa e BM&F anunciaram a integração de suas operações através de uma fusão. A fusão resultou na Bm&fBovespa S.A., que se estabeleceu como a terceira maior bolsa do mundo em valor de mercado.
  • 2009: A CETIP (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos) passou por desmutualização e abertura de capital.
  • 2016: Os Conselhos de Administração da Bm&fBovespa e da CETIP aprovaram os termos financeiros para a combinação das operações das Companhias. Esses termos serviram de base para as propostas que foram submetidas e aprovadas pelos respectivos acionistas em Assembleias Gerais Extraordinárias realizadas em 20 de maio de 2016.
  • 2017: Bm&fBovespa uniu suas atividades com as desenvolvidas pela CETIP. O resultado foi a consolidação da 5ª maior Bolsa de Valores do mundo, que é a B3 como conhecemos hoje.

O que é a B3: Entenda o que é a B3 aprofundando-se na história

1. Primeiro marco da história da Bovespa

O primeiro grande marco na história da Bovespa foi a incorporação das outras Bolsas de Valores brasileiras em 2000. Análises deixaram claro que o mercado secundário brasileiro necessitava de ganhos de escala. Ou seja, era preciso ganhar volume e velocidade nas transações, em nível nacional, para permitir que as corretoras oferecessem seus serviços com custos reduzidos e maior eficiência.

O processo de incorporação protagonizado pela Bovespa teve início com um protocolo de Intenções firmado entre a instituição e a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O protocolo foi assinado em uma cerimônia presidida pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em 27 de janeiro de 2000. Após isso, foi estendido para as demais Bolsas de Valores do país. O objetivo foi unificar os mercados acionários e criar um mercado secundário de títulos públicos na Praça do Rio de Janeiro.

Nesse novo modelo, a Bovespa concentrou toda a negociação com ações, enquanto a Bolsa do Rio de Janeiro ficou responsável pelas transações de títulos públicos. As outras bolsas regionais mantiveram as atividades de desenvolvimento do mercado e de prestação de serviços à praça local.

Com a assinatura dos acordos de integração, o mercado de capitais brasileiro passou a estar integrado, em âmbito nacional. Ou seja, passou a contar com a participação de sociedades corretoras de todas as regiões do país. Se trata de um fato importantíssimo relacionado com o que é a B3, atual Bolsa de Valores brasileira.

2. União da Bovespa com a BM&F

Desmutualização da Bovespa

Como visto, as Bolsas de Valores eram associações civis, sem fins lucrativos. Seu patrimônio era representado por títulos que pertenciam às sociedades corretoras-membro. Possuíam autonomia financeira, patrimonial e administrativa. Porém, estavam sujeitas à supervisão da Comissão de Valores Mobiliários. Além disso, obedeciam às diretrizes e políticas do Conselho Monetário Nacional.

Sendo assim, as Bolsas brasileiras eram uma espécie de clube fechado, distante da realidade empresarial. Não tinham condições de suportar ou ajudar na formação de um volume expressivo de negociações imobiliárias em termos de títulos patrimoniais. Elas eram tidas como um local em que se realizavam pregões de implicações e resultados remotos.

Porém, em 28 de agosto de 2007, em uma Assembleia Geral Extraordinária, foi aprovada a reestruturação societária da Bovespa. Ela deixou de ser uma instituição sem fins lucrativos para se tornar uma sociedade por ações (S/A). A medida consolidou o processo de desmutualização (ato de desfazer uma associação mutualista), que permitiu que o acesso às negociações fosse desvinculado da propriedade de ações. A desmutualização é um processo jurídico pelo qual títulos patrimoniais das empresas são convertidos em ações. Esse processo também envolve a transformação de uma instituição sem fins lucrativos em uma empresa que visa lucro.

Para entender o que é a B3, é essencial entender que foi essa desmutualização que levou à fusão da Bovespa com a BM&F, em 2008. Este foi o segundo grande marco da consolidação das Bolsas de Valores do Brasil. Como resultado, a Bovespa Holding passou a controlar a Bovespa e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Assim, as corretoras detentoras de títulos patrimoniais da Bovespa transformaram-se em acionistas da Bovespa Holding S.A.

Desmutualização da BM&F

Em Assembleia Geral Extraordinária realizada no dia 20 de setembro de 2007, foi a vez da BM&F. Assim como ocorreu com a Bovespa, a BM&F deixou de desenvolver suas atividades operacionais sob a forma de associação civil sem fins lucrativos, passando a fazê-lo sob a forma de sociedade por ações. Através da desmutualização, os direitos patrimoniais dos antigos associados da Companhia foram desvinculados dos Direitos de Acesso, e foram convertidos em participações acionárias.

Bm&fBovespa S.A.

Após a desmutualização, a Bovespa (BOVH3) e a BM&F (BMEF3) lançaram suas ações no mercado em 25/10/2007 e 29/11/2007, respectivamente. Segundo os prospectos da BM&F S.A. e Bovespa Holding S.A., as ofertas foram uma distribuição pública secundária, conhecidas no mercado como block trade. Portanto, nenhum recurso proveniente das ações foi recebido. Estes foram integralmente destinados aos acionistas vendedores, que eram as corretoras-membro.

No dia 4 de julho de 2008, após quatro Assembleias Extraordinárias realizadas no Espaço Bovespa, a fusão entre a Bovespa Holding S.A. e a BM&F S.A foi anunciada. Assim, consolidou-se a resultante Bm&fBovespa S.A. A soma do valor de mercado das duas Bolsas fez com que a resultante se estabelecesse como a terceira maior bolsa mundial em valor de mercado. De acordo com preços de maio de 2008, a Bm&fBovespa S.A estava atrás apenas da alemã, Deustsche Börse, e da americana, Chicago Mercantile Exchange.

Ao longo da trajetória da Bm&fBovespa, podem ser destacadas algumas parcerias estratégicas que foram importantes no aperfeiçoamento de seus serviços para o mercado de capitais. Por exemplo, o CME Group. A parceria levou à criação da plataforma eletrônica PUMA Trading System, que passou a operar a partir de 2011. A plataforma permitia negociação multimercados, ações, câmbio, renda fixa, dentre outras operações denominado.

Outra inovação tecnológica desenvolvida pela BM&F Bovespa é o CORE. Este se trata de um sistema de cálculo de risco que integra as infraestruturas de pós-negociação dos mercados em que a bolsa é atuante.

3. União da Bm&fBovespa S.A. com a CETIP

A CETIP (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos) era uma companhia de capital aberto. Pode ser definida como uma câmara de liquidação extremamente importante para o Sistema de Pagamentos Brasileiro. Além, disso, era a maior depositária de títulos privados de renda fixa da América Latina e a maior Câmara de ativos privados do Brasil.

A CETIP foi instituída pelo voto do Conselho Monetário Nacional nº 188, de 1984, e começou a operar em março de 1986. Ela foi criada com o objetivo inicial de preencher uma lacuna existente no mercado brasileiro de títulos privados de renda fixa: a inexistência de um sistema eletrônico de custódia e liquidação financeira para esse mercado.

Os principais marcos na história da Cetip foram:

  • 1994: Criação da CETIP como entidade sem fins lucrativos.
  • 1986: Início suas operações disponibilizando sistemas eletrônicos de custódia, registro de operações e liquidação financeira no mercado de títulos públicos e privados.
  • 1988: Realização de acordo com ANDIMA (Associação Nacional dos Dirigentes do Mercado Aberto) para operar o SND (Sistema Nacional de Debêntures).
  • 2008: Desmutualização e criação da CETIP S.A.
  • 2009: Abertura de capital, acolhendo a participação da Advent, um fundo de investimento estrangeiro, na sua composição acionária.
  • 2010: Compra da GRV Solutions por dois bilhões de reais, o que praticamente dobrou o seu tamanho.
  • 2011: CETIP deixa de ter a Advent como seu principal acionista. Vende sua participação para a empresa americana ICE (Intercontinental Exchange), que, com 12,4%, passa a ser a acionista majoritária da CETIP.

4. O surgimento da B3

O que é a B3, se não um resultado extremamente positivo e promissor de todo esse processo de mudanças e atualizações? Em março de 2017, a Bm&fBovespa S.A uniu as atividades com as desenvolvidas pela CETIP S.A e passou a operar sob o comando da B3 S.A. (Brasil, Bolsa, Balcão).

A fusão foi aprovada pela CVM em 22/03/2017, através da decisão por unanimidade do colegiado da Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (SMI). Já o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), aprovou com restrições. Estas envolveram a diminuição das barreiras de entrada no mercado ocupado pela empresa resultante da fusão.

De qualquer maneira, a fusão fez com que a B3 se tornasse a 5ª maior bolsa de valores do mundo e consolidou a atuação da Bm&fBovespa como provedora de infraestrutura para o mercado financeiro. Com isso, foi possível ampliar o leque de serviços e produtos oferecidos aos seus clientes e a criar eficiências benéficas tanto para a companhia quanto para o mercado.

A empresa deu mais musculatura para a infraestrutura de mercado brasileira, que uniu, no mesmo ambiente, o mercado de renda fixa e variável. Dentre os serviços oferecidos pela B3, destacam-se as negociações em bolsa, pós-negociação (clearing), financiamento de veículos e imóveis e registros de operações em balcão.

 

Agora que você sabe como surgiu e o que é a B3, o próximo passo é saber como atuar nesse mercado como investidor ou acionista. Quer saber como começar ou como aprimorar os seus ganhos investindo em ações? Confira agora mesmo esse conteúdo sobre como investir em ações e potencializar rendimentos !

Possui dúvidas específicas sobre esse tema? Juliano Pinheiro é referência em gestão do patrimônio e curadoria de mercado de capitais. Entre em contato enviando um e-mail para contato@julianopinheiro.com.